sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Não sei.
Acho que são só palavras. Apenas e só. Palavras ditas ao acaso mas mesmo assim, escolhidas a dedo.
São pensamentos, são gargalhadas, são piadas, são tristezas, são pseudo-depressões. Só palavras. Escritas ali e acolá. Lidas aqui e noutros sítios. São sentimentos. São divagações. São o que são.
Não sei. O ser humano representa tudo e mais alguma coisa com palavras. Falam-nos de cores, de sensações, de estados de espirito. Dizem-nos tanto como uma pintura ou como uma melodia.
E eu.... eu não tenho mais palavras para te dizer. Não as quero escolher, não quero que me saiam espontaneas, não quero que as leias, não quero que as ouças.
Apenas... deixa-as estar. Suspensas nas linhas do meu pensamento, gritando silenciosamente aquilo que não quer ser ouvido.
Eu vou lê-las de vez em quando. Há alturas em que não me dizem nada, outras são o meu reflexo.
Não sei... Talvez sejam só palavras destinadas serem lidas por mero acaso.

Mas então... Porque as escrevi eu?





[ A próximidade do Ano Novo faz-me destas parvoíces. Espero que o Natal tenha sido bom, e que este ano seja ainda melhor do que o que está meso a acabar.
Feliz Ano Novo ]


Lau.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Quero te, do verbo precisar

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"Sinto saudades.

Sim, de ti. De ti que nunca conheci…
Compreendes isso? Essa ausência que me pesa mesmo quando sei que não podes estar porque nunca estiveste.
Pergunto-me o que pensas… O que estarás neste momento a desenhar nas telas da tua imaginação.
Será que ouves o meu desejo?
Como tenho saudades… Das tuas palavras, dos teus beijos, dos teus braços em redor da minha cintura a cingir-me contra o teu peito. Das ânsias pela tua chegada que nunca aconteceu realmente.
Preciso de ti, entendes?
Preciso que me faças de novo acreditar no amor, na chegada de um amanhã mais limpo, mais belo, mais sorridente.
Preciso que inscrevas o meu nome em todas as tuas paredes, inebriado de amor e desejo…
Em noites como esta, solitária, fria, em que os meus braços me apertam num abraço desesperado penso-te também sozinho, perdido em mim e na forma que dás aos meus olhos.
Tenho saudades…
Tenho saudades de mim nos teus sonhos."






[ como já disse: quero te! Do verbo precisar :) ]




Lau.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Companheira


' Ela deitou-se. Fechou os olhos e tentou adormecer. Deu mil e sete voltas na cama, tirou os cobertores um por um, tirou as calças vermelhas do pijama, e enrolou-se em si própria. Não tinha calor, mas sentia-se sufocada. Voltou a fechar os olhos, e assim se deu mais uma tentativa frustrada de adormecer. Sentou-se sobre os lençóis, com as costas na parede e a almofada no colo. Ligou a musica e tentou canta-la. Sabia todas as palavras daquela música, mas de repente parecia que a letra tinha sido toda mudada e que ela já nada sabia. Manteve-se naquela posição durante alguns minutos. As músicas foram rodando e o tempo parecia não querer passar. Acabou por se deitar novamente e puxar os cobertores para si. Desta vez, tapou o pescoço e com as pernas entrelaçadas, fechou os olhos com tanta força, que por momentos pensou que eles não iam aguentar.
Ela sentiu-o com ela. Era a sua presença em forma de pensamento naquele quarto que não a deixava adormecer. Era com se ele estivesse a observar cada movimento dela, cada expressão facial, cada palavra, cada olhar para o vazio. Ela tentou abstrair-se de tudo o que a fazia permanecer acordada e pensativa. Mas por mais voltas que desse na cama, o seu pensamento seria sempre o mesmo, ele. Pensou em como seria se ele soubesse que era a personagem principal dos seus pensamentos.
Levantou-se lentamente e em gesto de curiosidade abriu a janela, deixando que a lua se mostrasse em todo o seu esplendor. Sentou-se no chão e aumentou o som da música. Contemplou a Lua com tudo o que tinha. Partilhou com ela as suas lágrimas, os seus medos, os seus sentimentos. Falou, falou e voltou a falar. Não sozinha, a Lua estava a ouvi-la em segredo.'







Lau.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

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''Mas hoje, ainda longe daquele grito, sento-me na fímbria do mar. Medito no meu regresso. Possuo para sempre tudo o que perdi. E uma abelha pousa no azul do lírio, e no cardo que sobreviveu à geada. Penso em ti. Bebo, fumo, mantenho-me atento, absorto – aqui sentado, junto à janela fechada. Ouço-te ciciar amo-te pela primeira vez, e na ténue luminosidade que se recolhe ao horizonte acaba o corpo. Recolho o mel, guardo a alegria, e digo baixinho: Apaga as estrelas, vem dormir comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge.''



[ Eu sei que era suposto ser qualquer coisa minha, mas achei delicioso :) ]





Lau.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007



Nem sempre o corpo se parece com
um bosque, nem sempre o sol
atravessa o vidro,
ou um melro canta na neve.
Há um modo de olhar vindo
do deserto,
mirrado sopro de folhas,
de lábios, digo.

(Eugénio de Andrade)





[ eu sei, tenho andado desaparecida, mas por vezes outros valores se levantam. Peço desculpa :) ]



Lau.





quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Imperfeições

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Uma "imperfeição" pode ficar "perfeita" em determinado local, em determinada situação, em determinada pessoa. E dizemos "Perfeito!" a algo que olhamos quando nos afastamos um pouco. E tudo na vida é assim. Basta distanciarmo-nos o suficiente de tudo para o acharmos perfeito. Quando nos aproximamos e olhamos bem, com os nossos sentidos, vemos todas as imperfeições, todos os pormenores, todas as pequenas irregularidades que constituem a mais bela das obras, seja ela qual for. E se virmos bem, são essas imperfeições que a tornam única, inimitável, transcendente, penetrante, incómoda e, ao mesmo tempo, pacificadora. É estranho, não é? Mas a vida é estranha.

Apesar disso...pode ser incrivelmente deliciosa*





Voltei, mas amanha vou até Lisboa ao Soundclash :)








Lau.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Sentidos

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Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

[Fernando Pessoa]




Uma vez li num daqueles azulejos:

'Quem muito diz pouco sente
Quem muito sente, pouco diz
E o mundo considera feliz,
Quem não o é certamente.'


Na altura nao percebi, agora faz sentido :)




Vou acampar :D

Até para a semana






Lau.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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'Oh, hold still for a moment and I'll find you
I'm so close, I'm just a small step behind you girl
And I could hold you if you just stood still.'



''Ainda era cedo, mas já não aguentava estar deitada na mesma cama que tu. Levantei-me sem a mínima preocupação de te acordar, vi as calças da noite anterior embrulhadas no chão e os sapatos de salto bastante longe um do outro. Pus-lhe as mãos nos bolsos e encontrei um maço ainda com dois cigarros. Abri a janela e em jeito de prazer acendi um. Olhei-te com desdém, já nao eras absolutamente nada. Ri-me, simplesmente. Não me preocupei com o corte que tinha feito no dedo, nem com o eyeliner que ainda tinha nos olhos. Vesti o que tinha trazido e prendi o cabelo. Guardei as chaves de casa no casaco azul e pus os óculos de sol. Deixei a porta bater.
Desta vez, nao esperei por ti.''






[ Por vezes sabe bem. Pura e simplesmente, sabe bem :) ]






Lau.

domingo, 12 de agosto de 2007

Rebirth









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Hoje não te digo para ficares, hoje não te digo para me sorrires nem para me dizeres coisas bonitas . Hoje não te peço para me abraçares, nem para me tratares como uma princesa . Hoje peço-te simplesmente para me olhares em silencio e para contemplares o castanho dos meus olhos.






Dizem que faz bem recomeçar. Eu concordo.
É bom estar de volta :)




Lau.